Tailândia desmantela rede de golpes de criptomoedas de US$ 180 milhões em grande operação

A polícia tailandesa invadiu 8 locais e prendeu 5 suspeitos envolvidos em lavagem de dinheiro para cartéis de drogas, sites de jogos de azar online e redes fraudulentas.
Soumen Datta
25 de abril de 2025
Conteúdo
A Tailândia reprimiu uma grande rede de fraudes com criptomoedas que lavava milhões por meio de negociações ilegais de Tether (USDT), de acordo com Bangkok Post. Numa operação abrangente denominada “Operação Cripto Fantasma”, a polícia prendeu cinco suspeitos e descobriu mais de US$ 180 milhões em transações ilícitas de criptomoedas vinculadas a cartéis de drogas e redes fraudulentas.
Os ataques foram realizados em Banguecoque, Phuket e Chon Buri, três grandes centros urbanos e turísticos que se tornaram cada vez mais pontos críticos para atividades criptográficas clandestinas.
Operação Crypto Phantom: Por Dentro da Operação
Liderados por Pol Maj Gen Thatphum Jaruphat, Divisão de Repressão a Crimes Econômicos (ECD) executou ataques coordenados em oito locais na semana passada. O foco foram empresas de câmbio não autorizadas que ofereciam serviços de criptomoedas sem licença, muitas das quais operavam em áreas turísticas de alto tráfego.

As autoridades disseram que essas empresas comercializavam criptomoedas ilegalmente, principalmente Tether (USDT)—para ajudar os clientes a contornar escrutínio financeiro e obrigações fiscaisEmbora a negociação de criptomoedas seja legal na Tailândia, ela se torna tributável quando os lucros são repatriados ou obtidos dentro do país, inclusive por meio de bolsas no exterior.
Os funcionários da ECD descobriram que os balcões de criptografia visados estavam ajudando os clientes trocar baht tailandês por USDT, e vice-versa, fora de qualquer plataforma de negociação regulamentada. Isso permitiu que clientes — principalmente estrangeiros — movimentassem fundos discretamente, evitassem impostos e permanecessem discretos.
Mais de 1,000 transações ligadas ao crime transnacional
A investigação revelou mais de 1,000 transações financeiras suspeitas, todos ligados a sindicatos criminosos transnacionais. As autoridades disseram que o valor dos negócios ilegais excedeu 14 bilhões de bahts, ou aproximadamente $ 418 milhões, mas a parcela definitivamente vinculada a este grupo específico equivale a pelo menos $ 180 milhões.
As transações não eram apenas sobre evasão fiscal. A polícia identificou uma trilha clara conectando os fundos a redes de tráfico de drogas, golpes em call centers e plataformas ilegais de jogos de azar online.
Esses crimes são notoriamente difíceis de rastrear usando sistemas bancários tradicionais, o que explica o apelo da criptografia, especialmente stablecoins como o USDT — para lavagem de dinheiro ilícito.
Provas apreendidas e suspeitos sob custódia
Durante as buscas, os agentes da ECD apreenderam um grande estoque de evidências. Isso incluía telefones celulares, laptops, documentos financeiros e cadernetas bancárias. Todos os cinco suspeitos estão atualmente sob custódia, enfrentando acusações relacionadas a negociação não autorizada de criptomoedas, evasão fiscal e lavagem de dinheiro.
Os supostos operadores executaram o que os investigadores descreveram como uma “mesa de criptomoedas do mercado negro”. Essas organizações ofereciam serviços de moeda digital sem passar pelas corretoras oficiais de criptomoedas ou pelos mecanismos de denúncia da Tailândia. Essa falta de supervisão as tornava uma ferramenta conveniente para grupos criminosos que movimentavam grandes quantias de dinheiro.

O papel do Tether (USDT) em transferências ilícitas
Tether, uma stablecoin atrelada ao dólar americano, é uma das criptomoedas mais populares para transferências de dinheiro na Ásia. Ao contrário do Bitcoin ou do Ethereum, o USDT foi projetado para volatilidade mínima, tornando-se a escolha preferida para transações rápidas e discretas—tanto legais quanto de outra natureza.
Os suspeitos teriam se concentrado no USDT para manter a estabilidade de preços e, ao mesmo tempo, ajudar clientes a movimentar fundos rapidamente entre fronteiras ou para moedas locais, como o baht tailandês. Esse modo de operação ignora instituições financeiras licenciadas, que são obrigadas a relatar atividades suspeitas e cumprir os protocolos de combate à lavagem de dinheiro (AML).
Áreas cinzentas legais das criptomoedas na Tailândia
Embora a Tailândia tenha apoiado a inovação em blockchain, sua a estrutura regulatória é rigorosa quando se trata de negociação de criptomoedas. As empresas que lidam com ativos digitais devem se registrar no Comissão de Valores Mobiliários da Tailândia (SEC) e cumprir com os regulamentos KYC/AML.
Os lucros provenientes de criptomoedas, especialmente quando convertidos em moeda fiduciária e trazidos para o país, estão sujeitos a mais-valias fiscais. No entanto, as exchanges de criptomoedas não licenciadas alvos da Operação Crypto Phantom operavam fora dessas leis, fornecendo um refúgio para aqueles que buscavam evitar impostos e a aplicação da lei.
O que isso significa para as criptomoedas no Sudeste Asiático
A crise na Tailândia ocorre em meio à crescente preocupação global com trocas de criptomoedas não regulamentadas e uso indevido de stablecoins. O Sudeste Asiático, com sua crescente base de usuários de criptomoedas e mercados P2P pouco monitorados, é particularmente vulnerável ao uso indevido de ativos digitais.
O incidente recente também destaca como stablecoins como USDT, originalmente projetados para simplificar o comércio e as remessas, agora estão sendo explorados por organizações criminosas para esconder ganhos ilícitos.
O Major-General Thatphum confirmou que esta operação é apenas o começo. A ECD está expandindo sua investigação para identificar mais participantes no mercado ilícito de criptomoedas, tanto na Tailândia quanto no exterior. As autoridades pretendem fechem essas mesas de criptomoedas do mercado cinza, que continuam a minar os sistemas de supervisão financeira do país.
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Autor
Soumen DattaSoumen é pesquisador de criptomoedas desde 2020 e possui mestrado em Física. Seus textos e pesquisas foram publicados em publicações como CryptoSlate e DailyCoin, além da BSCN. Suas áreas de foco incluem Bitcoin, DeFi e altcoins de alto potencial como Ethereum, Solana, XRP e Chainlink. Ele combina profundidade analítica com clareza jornalística para fornecer insights tanto para iniciantes quanto para leitores experientes de criptomoedas.



















