Filipinas se mobilizam para combater a evasão fiscal de criptomoedas com novas regras

O plano inclui a adoção total do Crypto-Asset Reporting Framework (CARF) até 2028, visando a troca internacional de dados entre autoridades fiscais.
Soumen Datta
19 de Junho de 2025
O Filipinas anunciou planeja implementar uma estrutura completa para ativos digitais para impedir a evasão fiscal transfronteiriça e encerrar fluxos financeiros ilícitos.
O secretário das Finanças, Ralph Recto, em uma declaração pública, confirmou que o Departamento de Finanças (DOF) adotará o Crypto-Asset Reporting Framework (CARF) até 2028.
"Este é um compromisso oportuno, visto que a moeda digital se torna um dos meios preferenciais para transações. O governo deve garantir que os usuários de criptoativos paguem sua parcela justa de impostos e que nenhuma atividade financeira ilícita fique impune", disse Recto.
O compromisso foi formalmente assumido pelo subsecretário do Grupo de Operações de Receita do DOF, Charlito Martin Mendoza, durante a 8ª Reunião da Iniciativa Asiática nas Maldivas no início deste ano.
A decisão faz parte de um esforço governamental mais amplo para aumentar a transparência nas transações de criptomoedas e melhorar a cooperação internacional em conformidade tributária.
CARF: Uma ferramenta para a transparência global
O CARF, desenvolvido pela OCDE, visa estabelecer a troca automática de dados financeiros relacionados a criptomoedas entre autoridades fiscais em todo o mundo. Uma vez implementado, permitirá que as Filipinas recebam dados de bolsas e plataformas estrangeiras sobre os ativos digitais e transações de usuários filipinos.
De acordo com Recto, sistemas mais rápidos de compartilhamento de informações são essenciais para que o governo fique à frente de esquemas de sonegação fiscal no espaço digital.
SEC mira provedores de serviços
Juntamente com a adoção da CARF, a Comissão de Valores Mobiliários das Filipinas (SEC) divulgou novas regras voltadas para provedores de serviços de criptoativos (CASPs). Essas diretrizes exigem que qualquer empresa que ofereça serviços de criptoativos se registre e obtenha as licenças adequadas antes de operar no país.
O diretor assistente da SEC, Paolo Ong, declarou durante a Philippine Blockchain Week 2025 que as novas regras foram elaboradas não apenas para dar suporte a empresas legítimas, mas também para fechar entidades não registradas.
As regras exigem que as CASPs se registrem como sociedades anônimas com um capital mínimo integralizado de PHP 100 milhões (aproximadamente US$ 1.8 milhão). Documentação adicional, incluindo um plano de negócios e divulgações de risco, deve ser apresentada para aprovação. Essas medidas garantem que apenas participantes sérios entrem no mercado, ao mesmo tempo em que aumentam as salvaguardas dos investidores.
Uma grande preocupação para os reguladores é o uso indevido de fundos de clientes, um problema que surgiu em colapsos de bolsas de valores de alto perfil em todo o mundo. As novas diretrizes da SEC exigem uma segregação rigorosa entre os ativos da empresa e dos clientes.
Atualmente, não há uma licença específica para indivíduos que oferecem consultoria financeira sobre criptomoedas. No entanto, a SEC está incentivando os interessados a explorar seu ambiente regulatório.
Regulamentação de Marketing e Influenciadores
O marketing de ativos digitais também está sob escrutínio. De acordo com as novas regras, qualquer pessoa que promova criptomoedas como Bitcoin, Ethereum e Solana deve ser uma entidade registrada com licença da SEC. Ong alertou que os chamados educadores que promovem plataformas específicas, especialmente golpes, podem enfrentar sanções.
"Não proibimos remuneração por esforços educacionais, mas sempre prezamos pela boa-fé. Se você está educando e não promovendo um investimento ou plataforma específica, geralmente é aceitável", disse Ong.
Regras de listagem de criptomoedas e modelo de regulador duplo
A iniciativa regulatória mais ampla do país inclui um modelo de regulador duplo para supervisionar as listagens de tokens criptográficos. Nesse modelo, o Banco Central das Filipinas (BSP) regula os Provedores de Serviços de Ativos Virtuais, enquanto a SEC lida com ativos digitais que se qualificam como valores mobiliários.
O esforço conjunto visa reforçar a conformidade em corretoras de criptomoedas, ofertas iniciais de tokens e transações internacionais. As regulamentações também integram disposições de leis existentes, como a Lei de Privacidade de Dados e a Lei de Prevenção de Crimes Cibernéticos.
Todas as listagens de tokens devem seguir regras rígidas de classificação, pontuação de risco, verificações KYC e conformidade com as Regras de Viagem do GAFI para transações acima de US$ 1,000.
Penalidades por não conformidade
As penalidades sob a nova estrutura são severas. Para CASPs, a primeira violação pode resultar em uma multa de PHP 50,000 (US$ 885), aumentando para PHP 200,000 (US$ 3,540) em caso de reincidência. Licenças não utilizadas podem ser revogadas após 12 meses de inatividade.
Para violações maiores envolvendo fraude ou alegações falsas, as empresas podem enfrentar multas de até PHP 5 milhões e pena de prisão de até 21 anos. Violações de privacidade de dados podem resultar em penalidades adicionais entre PHP 500,000 e PHP 5 milhões.
O governo também expressou sua abertura para refinar as regras à medida que o setor evolui. Ong enfatizou que o feedback da comunidade será essencial para a formulação de diretrizes futuras.
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Autor
Soumen DattaSoumen é pesquisador de criptomoedas desde 2020 e possui mestrado em Física. Seus textos e pesquisas foram publicados em publicações como CryptoSlate e DailyCoin, além da BSCN. Suas áreas de foco incluem Bitcoin, DeFi e altcoins de alto potencial como Ethereum, Solana, XRP e Chainlink. Ele combina profundidade analítica com clareza jornalística para fornecer insights tanto para iniciantes quanto para leitores experientes de criptomoedas.



















